POLÔNIO:
Ainda aqui, Laertes! Já devia estar no navio, que diabo!
O vento já sopra na proa de teu barco;
Só esperam por ti. Vai, com a minha bênção, vai!
(Põe a mão na cabeça de Laertes.)

E trata de guardar estes poucos preceitos:

Não dá voz ao que pensares, nem transforma em ação um pensamento tolo.

Sejas amistoso, sim, jamais vulgar.

Os amigos que tenhas, já postos à prova,
Prende-os na tua alma com grampos de aço;
Mas não caia na festa com qualquer parceiro
Recém surgido sorridente

Procura não entrar em nenhuma briga;
Mas, entrando, encurrala o medo no inimigo.

Presta ouvido a muitos, tua voz a poucos.
Acolhe a opinião de todos – mas você decide.

Usa roupas tão caras quanto tua bolsa permitir,
Mas nada de extravagâncias – ricas, mas não pomposas.
O hábito revela o homem,
E, na França, as pessoas de poder ou posição
Se mostram distintas e generosas pelas roupas que vestem.

Não empreste nem peça emprestado:
Quem empresta perde o amigo e o dinheiro;
Quem pede emprestado já perdeu o controle de sua economia.

E, sobretudo, isto: sê fiel a ti mesmo.
Jamais serás falso pra ninguém

Adeus. Que minha bênção faça estes conselhos frutificarem em ti.

Hamlet, William Shakespeare
Polonius’ Advice to Laertes
Hamlet I, iii.